Ceará

A Terra Assolada pela Seca

Diretor: Gedeon Morris

Capital: Não possui cidades – ver figuras importantes

Número de Engenhos: Nenhum- ver pontos de interesse

Quando o explorador Pero Coelho de Sousa decidiu que sua missão era povoar uma capitania, não esperava receber terras como as do Ceará, com nativos tão hostis e tão péssima terra para o cultivo. Os índios hostis foram um difícil obstáculo, principalmente, porque eram coordenados por franceses. No entanto, com a ajuda dos índios do Jaguaribe que conheceu litoral, a vitória foi alcançada. A parte mais difícil certamente foi domar uma terra tão sofrida por longos períodos de seca.

A intenção era boa. Pero coelho até levou sua esposa e filhos para colonizar as terras do Jaguaribe. Infelizmente, sem conseguir produzir nada na terra, foi obrigado a comercializar o único produto que achou em abundância: os próprios índios do Jaguaribe que o auxiliaram na conquista. A traição de Pero Coelho causou furor. Escravizar seus próprios aliados foi imperdoável. Os índios do Jaguaribe expulsaram o colonizador de suas terras. Ele teve que percorrer o caminho até o Rio Grande a pé, com a esposa ao lado chorando e os filhos nos braços, dos quais muitos morreram de sede.

Após esses eventos, a má relação entre os índios do Ceará e os colonizadores ibéricos se tornou crítica. Nem mesmo a restituição dos escravizados e a promulgação de leis de proteção foram o bastante para apaziguar os ânimos. Só o renomado Martim Soares Moreno, que passou a viver entre esses nativos, andando nu e caçando com arcos, foi capaz de restituir sua amizade. Juntos, eles ergueram o Forte São Sebastião que garantiu a conquista do Ceará.

Governo Atual

Vinte e cinco anos depois de Martim Soares Moreno erguer o forte São Sebastião às margens do rio Ceará, nem sequer um engenho ou mesmo um povoado foi erguido. Só o forte se manteve ali, financiado pela coroa ibérica, que mantinha o pagamento de seus quarenta soldados. Assim, não foi difícil para a expedição enviada pelo governador Nassau e liderada pelos capitães holandeses Joris Gartsman e Hendrick Huss conquistarem tão mal provida fortaleza.

A capitania do Ceará nem mesmo é considerada uma jurisdição holandesa, pois sequer há gente para montar uma Câmara de Escabinos. Não há nada além do forte São Sebastião e seus quarenta soldados, como tem sido desde a sua conquista. A explicação disso é a terra imprópria para o cultivo de açúcar, que sendo acometida de tempos em tempos por uma forte seca, até outros tipos de cultivo tiveram pouco sucesso. O diretor atual da capitania é Gedeon Morris, que também é o capitão da fortaleza.

Infelizmente, o diretor Gedeon Morris não tem cativado a amizade indígena tão bem quanto Martim Soares Moreno o fez. Há quem diga que, se a situação continuar assim, ele terá um fim tão trágico ou pior quanto do infame Pero Coelho de Sousa.

 

Figuras Importantes

 

Gedeon Morris

Esse holandês tem uma longa história nas terras do Brasil. Por anos, foi um corsário com aval do governo holandês para a atacar o Novo Mundo. Chegou a viver numa fortaleza, com seus companheiros corsários, às margens do Rio Amazonas, até que uma expedição ibérica na região os encontrou e os aprisionou.

Gedeão ficou nos calabouços maranhenses por muitos anos. Enfim a república holandesa negociou sua libertação e o enviou de volta à Europa. Não mais que um ano depois já estava de volta ao Brasil, desta vez, para ser capitão da fortaleza do Ceará, onde está até hoje. Mais do que governar, sua missão era entregar um plano de invasão ao Maranhão com objetivo de conquistar essas terras mais férteis.

A expedição liderada pelo almirante Lichtart, que agora está ao Maranhão, foi planejada em grande parte por ele. Agora, se espera que, com o Maranhão logo conquistado, mais recursos cheguem ao Ceará para se iniciar uma povoação.

 

Heindrick van Ham

Este é o segundo em comando na capitania do Ceará no o cargo de capitão do forte São Sebastião. No entanto, é constante as discussões com seu supeior Gedeão Morris. Enquanto este acredita que o sucesso do Ceará depende da conquista do Maranhão para que esta forneça os recursoso necessários para uma povoação, Heindrick van Ham acredita que o melhor caminho seria estritar os laços com os índios locais.

A sobrevivência do forte atualmente só é possível pelas provisões que os indígenas lhes trazem de tempos em tempo. Em troca, os soldados da fortaleza lhes dá proteção contra tribos contrárias. É uma situação que Gedeão Morris não quer perpetuar, mas Heindrick van Ham sabe ser necessária, pois já escuta planos conspiratórios entre os índios para destruir a fortaleza e matar todos em seu interior.

 

Matias Beck

Matias Beck está nas terras do Brasil há quatro anos. Já participou de batalhas do Rio Grande e Paraíba. É membro ativo da Igreja Protestante Reformada. Hoje, reside na capitania de Itamaracá. Possui uma boa fazenda onde cultiva mandioca e outros mantimentos. No entanto, seu grande desejo é encontrar ouro e prata no Novo Mundo.

Matias Beck tem estudado com afinco os relatórios de Elias Herckmans, Adriaen Verdonck, Antônio Paraopaba, MarcGrave, Astetten, Schout Hoeck e outros. Como até agora nada foi encontrado na Paraíba e no Rio Grande, ele está certo que tais minas só podem estar no Ceará. Assim, ele deseja conseguir os recursos para realizar tal feito exploratório.

 

Diabo Grande

O líder indígena Diabo Grande, cuja tribo é a mais poderosa da Serra da Ibiapaba, faz parte da história cearense. Quando a Pero Coelho fez sua entrada, sua aldeia o combateu com todo furor. Por outro lado, recebeu o famoso padre Francisco Pinto com grandes mostras de amizade.

Por fim, quando Jerônimo de Albuquerque atravessou a capitania para derrotar os franceses do Maranhão, o deixou na mão. Disse que iria receber o sertanista e ajudar em sua missão, mas Diabo Grande nunca apareceu no assentamento de Jericoacoara. Hoje, já com certa idade, ninguém sabe como se comportará com os holandeses. É tão pouco confiável que faz jus ao nome.

 

Caubi

Caubi, líder dos índios Tabajaras do Ceará, tem poucas razões para confiar no antigo capitão-mor Martim Soares Moreno. Este viveu um romance com sua irmã Iracema, lhe causando tanto sofrimento que dizem morreu de tristeza. No entanto, apesar de culpar o colonizador pela morte da irmã, ele também é pouco afeito aos holandeses. Principalmente, porque estes fizeram uma aliança com seus desafetos Tapuias.

Caubi não é mais o jovem inexperiente que idolatrava o recém-chegado colonizador. Hoje, no auge da experiência de seus quarenta anos de idade, não fará nada que não seja o melhor para sua tribo. Recentemente, Martim Soares Moreno lhe enviou a mensagem. Avisou que uma insurreição contra os holandeses logo ocorrerá. Precisará dos tabajaras de Caubi e os potiguares do Jaguaribe para combater os holandeses que tomaram o forte São Sebastião.

Chegará o momento em que o líder indígena precisará decidir que lado deve tomar: do colonizador que matou sua irmã ou dos holandeses que se aliaram com seus rivais. Esse momento está cada vez mais próximo

 

Martim Soares Moreno

A trajetória de Martim Soares Moreno é de causar inveja. A sua figura, com uma mão dilacerada e uma larga cicatriz no rosto, revela uma vida de muitas guerras. Aos dezoitos anos de idade, chegou ao Novo Mundo para participar da entrada de Pero Coelho de Souza ao Ceará. Aos vinte e quatro anos, era tenente da fortaleza do Reis Magos no Rio Grande quando se aventurou entre os índios cearenses. Aos vinte e sete, tinha o prestígio do líder Jacaúna, que o tinha como um filho.

Nesta época, Martim Soares Moreno viveu com os índios do Jaguaribe. Andou nu. Usou arcos. Pintou seu corpo com tinta negra para ir à guerra. Também viveu amores nativos e lutou em guerras selvagens. Enfim, recebeu a permissão desses irmãos de sangue para erguer uma fortaleza no Jaguaribe, tudo com o aval do governador-geral em Salvador que lhe enviou seis soldados e dois clérigos missionários para iniciar essa colonização. Assim nasceu a capitania do Ceará.

Aos vinte e nove anos de idade, liderou uma expedição além do Ceará, sendo o primeiro a realizar o descobrimento do Maranhão e encontrar o forte francês de São Luís. Aos trinta e um, após a expulsão francesa, se tornou capitão-mor da terra-firme do Maranhão, chamada Cumã. Aos trinta e dois, quando retornava para o Ceará, seu navio foi capturado por corsários e enviado ao Reino da França, onde ficou como prisioneiro por dois anos. Felizmente, ele conseguiu negociar sua liberdade para retornar Ceará, que governou por mais doze anos.

Hoje, aos cinquenta e quatro anos de idade, ele deixou o Ceará nos últimos dez anos para combater os holandeses em Pernambuco. Por isso, está extremamente infeliz com a paz que o Rei de Portugal fez com os holandeses. Ele tem se reunido com o capitão André Vidal de Negreiros para iniciar uma insurreição, mesmo contra as ordens da Coroa, para expulsar os holandeses de suas terras.

 

Pontos de Interesse

 

Forte São Sebastião

A fortaleza de São Sebastião, fundada por Martim Soares Moreno, marcou o início da conquista do Ceará. Ele governou o local por dezenove anos desde sua fundação. Só deixou o local para lutar contra os holandeses em Pernambuco, deixando seu sobrinho e aprendiz Domingos da Veiga Cabral, no seu lugar. Com a conquista da capitania pelos holandeses, está sob o comando do capitão Gedeon Morris.

Guarnição: 40 soldados

Artilharia: 2 peças de ferro

 

Praia de Iracema

O famoso capitão Martim Soares Moreno foi o único capaz de fazer amizade com os índios do Ceará. Conta a lenda que ele se apaixonou por uma bela virgem com lábios de mel, com quem teve um filho. Infelizmente, dever o obrigou a abandonar ambos. Enquanto ele estava em guerra contra os franceses do Maranhão, a virgem aguardou por meses o seu retorno numa praiazinha, mas acabou morrendo no local, muitos dizem, de tristeza. Hoje, a praiazinha recebeu o nome da virgem dos lábios de mel.

 

Aldeia de Jacaúna

Muito do sucesso de Martim Soares Moreno no Ceará pode ser atribuído ao líder indígena Jacaúna, que era senhor de quatro aldeias às margens do Jaguaribe e o considerava como um filho. Ambos se conheceram por intermédio do Camarão Grande, o irmão de Jacaúna e o maior líder indígena da comarca do Rio Grande, onde o Martim estava por tenente da fortaleza dos Reis Magos. Infelizmente, Jacaúna faleceu há muitos anos, mas os remanescentes da sua tribo não estão felizes com a presença holandesa na região. Eles planejam uma emboscada a esses invasores.

 

Túmulo de Francisco Pinto

Os índios acreditam que Francisco Pinto, o padre conhecido como o Senhor das Chuvas, tinha poderes mágicos. Ele chegou ao Ceará após a desastrosa entrada de Pero Coelho de Souza, com a missão de reconquistar a amizade dos nativos. Infelizmente, acabou morto a pauladas na fronteira com o Maranhão. Até hoje seu singelo tumulo de cruz e pedras improvisadas está intocado. Dizem que sua morte encerrou um ciclo de Seca no Ceará que só veio a recomeçar com a chegada dos holandeses. Dizem que os que oram em seu túmulo têm seus pedidos são atendidos.

 

Serra dos Corvos

Para se chegar na fértil Serra da Ibiapaba primeiro deve-se atravessar a temível Serra dos Corvos, onde a mata é tão fechada, negra e retorcida que é impossível saber quando é dia e noite. É um local cheio de serpentes peçonhentas e pedregulhos soltos, que podem matar um homem a qualquer momento. É um dos lugares mais perigosos do novo continente.

 

Montanha da Ibiapaba

Esta serra é muito alta a ponto de serem necessárias quatro horas de caminho para chegar-se ao seu cume. Lá, se encontra uma grande e larga planície, muito bonita, com mais de 24 léguas de comprimento e 20 de largura, donde lhe veio o nome de Montanha Grande. Ali existem boas fontes e rios de água doce, coisa admirável, abundante de diversas espécies de peixes por ali reconhecidas. Grandes campos e muitas florestas repletas de muitas qualidades de pássaros e de outros animais ótimos para se comer. É uma verdadeira maravilha. Além disto é uma excelente moradia, por ser a temperatura do ar nem quente nem fria, o que faz com que seja esta montanha muito habitada, e por isso nela existiam mais de duzentas aldeias de índios.

 

Cercas Francesas

Desde o começo, o capitão Pero Coelho de Sousa desejava alcançar terras mais férteis no Maranhão. No entanto, quando ele avançou e conquistou dois fortins feitos de madeira no sertão cearense, descobriu que além deste ponto haviam franceses fugidos do Rio Grande e aliados dos índios do Maranhão. Assim, analisando não ter os recursos para enfrentar tal ameaça, decidiu estabelecer sua colônia nas margens do rio Ceará. Ainda hoje, as cercas arruinadas destes dois fortins de madeiras que Pero Coelho destruiu se encontram no interior do Ceará.

 

Jericoacoara

Atravessando as terras do Ceará em direção ao Maranhão, se para por uma terra mísera, seca e sem água para beber, chamada de Camocim. Enfim, em certo momento, chega-se num pequeno oásis no meio desta terra desértica chamada de Baía das Tartarugas, ou Jericoacoara pelos indígenas. Exatamente neste pequeno trecho de terra fértil, o sertanista Jerônimo de Albuquerque assentou seus homens antes de chegar ao Maranhão para confronto final com os invasores franceses.